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Fracassos

Quando comecei a procurar emprego algo que eu já estava preparado era para enfrentar o fracasso. Só não sabia por quanto tempo eu conseguiria enfrentá-lo sem ficar maluco. Desde minha adolescência eu melhorei muito em deixar as coisas darem errado, sair fora do plano. Em alguns momentos eu ainda fico maluco mas amadureci muito ao longo dos anos. Então fracassar nessa busca por um certo período de tempo não ia me afetar. Eu já sabia que o caminho seria difícil então sempre me mantive estimulado.

Claro, nunca é bom fazer algo errado ou não conseguir fazer algo que você quer muito. Existe uma cacetada de oportunidade por aí, em todas as áreas do relacionamento humano. Então fracassar, pelo menos para meu eu atual, não é um motivo de ficar triste. Não que eu vá celebrar, ou não sentir uma pontada de decepção pessoal. Mas não vou mais entrar em depressão por isso.

Candidatando-se

Uma coisa que sempre ouvi falar é que “apenas 10 ou 20% das empresas irão te responder quando você se candidata a um emprego; por isso candidate-se ao maior número de empresas possível”. É uma frase muito correta no meu caso. Eu enviei currículo para várias empresas ao longo de 2014 e 2015. E para manter tudo organizado eu criei uma Board no Trello onde ia anotando cada vez que enviava um currículo e qual a resposta da empresa. Ao final desse ano inteiro eu tinha tentado próximo de 30 vezes com as empresas, e em algumas delas eu tentei para mais de 1 vaga.

E por falar em currículo, eu não conseguiria dar uma dica de como fazer um bom. Eu já li diversos artigos em vários lugares sobre como montar um, mas eu mantenho o meu simples e só. Nesse período eu usei o Creddle para pegar informações do meu LinkedIn e montar algo simples e bonito.

Há também a cultura de Carta de Apresentação para empresas do EUA e algumas da Europa. Eu não sei fazer uma. Eu tentava me descrever como entusiasmado e falar sobre como gostaria do emprego e como minha experiência e entusiasmo podia ajudar a empresa. Eu chamaria mais de “email de apresentação”.

Entrevistas

Eu gosto de aprender com os erros (meus ou dos outros) e gosto de manter um jornal de como as coisas me acontecem. Essa é uma área que vou deixar anotado como foram minhas entrevistas. Lembrando que foram 30 candidaturas…

Amazon

Minha primeira “entrevista” foi para a Amazon BR. Eles estavam para abrir um escritório aqui em SP e queriam contratar Engenheiros. O Lucas Rosada estava com um contrato com a Amazon CA e me indicou para a vaga. A Amazon é diferente no sentido de primeiro fazer um teste técnico e depois ter uma entrevista com o candidato.

O teste era uma prova com 2 questões que deveriam ser resolvidas usando estrutura de dados em C++ ou Java e eu teria 1h30 para responder. Claro que a história não seria assim tão chata. O meu roteador tinha que parar de funcionar meia hora antes de começar a prova. Lembro como se fosse hoje de desmontá-lo e montá-lo novamente para conseguir acessar a internet.

A prova foi difícil, lembro de ficar quebrando muito a cabeça na primeira questão. Já imaginava que seria difícil, mas cair logo com a Amazon de primeira foi um teste de fogo. Claro, não passei. Lembro de ter conseguido chegar nos resultados esperados, mas duvido muito que eles fossem otimizados.

Cloud9

Essa eu cheguei às entrevistas e foi muito doido. Foi a primeira empresa que quis conversar, que pareceu realmente interessada e era um trabalho diferente do que eu tinha em mente: era um suporte aos usuários, que são desenvolvedores. E porque era em Amsterdam, que era um lugar que eu não tinha a menor vontade de morar (até ir passear lá no fim do ano).

A primeira entrevista eu estava um pouco nervoso, mas depois de um tempo foi bem maneira. Até pedi desculpa pelo inglês, de não ter entendido algumas coisas. Mas aqui vai uma dica: não peça desculpas. Depois eu percebi que isso é idiota. Se a empresa está te entrevistando e sabe que você é de outro país ela não espera que seu inglês seja perfeito. Claro que isso pode afetar de alguma maneira, mas acho que seu conhecimento deve ser maior do que apenas não conseguir lembrar algumas palavras aleatórias.

Depois de 1 semana eu recebi o convite para mais uma entrevista com um dos sócios e também foi muito divertida. Lembro de um deles estar tomando Coca-Cola enquanto me entrevistava, falando sobre o fio de Amsterdam e coisas do tipo. No final dessa segunda entrevista eu estava um pouco mais confiante de conversar, mas não tinha certeza sobre o emprego.

No final realmente não deu certo. Eles disseram que gostaram de mim mas precisavam de alguém que realmente tivesse experiência em suporte. Claro que eu tinha experiência em desenvolvimento, mas eu ia ter que atender telefones, enviar emails e conversar com outros devs. No final, declinado!

Trello

Na Trello eu não consegui verdadeiramente um entrevista mas eu fiz o teste técnico que está no site deles. E devo dizer: foi um teste bem complicado. Era algo envolvendo criptografia e desvendar uma string. Lembro de ficar escrevendo código na mão e tentar várias coisas até chegar à resposta. Mas como na Amazon eu acho que a resposta não estava à altura do que eles pensavam então eu recebi outro não.

Carrot Creative

Essa deve ter sido uma das melhores entrevistas que já fiz. Foi engraçada, eu não me senti em nenhum momento com vergonha de falar inglês e a menina que conversou comigo era muito simpática. Ela não era uma dev, era do RH, mas ainda assim eu me senti bem falando. No final eu também não consegui o emprego, mas tive que mandar um email perguntando sobre pois eles tinham encerrado o processo e tinham esquecido de avisar os candidatos. Ou seja, outro não.

Nesse momento eu estava me preparando para viajar e abandonei as candidaturas. Deixei tudo de lado e foquei apenas em aproveitar a viagem - eventualmente eu ainda me candidatei com um cara na viagem, mas ele entrou na estatística das empresas que nunca respondem. Voltei para casa, tive que enfrentar um monte de problemas e de repente o meu sonho de sair do país tinha sido esquecido novamente. Fiquei nesse tempo de blackout apenas trabalhando e tentando me divertir. Comecei Yoga, Zen budismo, andar de bicicleta. Apesar das coisas parecerem bem, bem no fundo eu estava me sentindo decepcionado comigo mesmo por não ter conseguido nada ainda. Demorou até março/abril desse ano para eu começar a ter a sensação que devia tentar mais.

Sense360

Essa foi a empresa que me apareceu no Workshape.io e achei que tinha encontrado quem ia me tirar do Brasil. Mas também não deu certo. A entrevista não foi muito legal, e lembro do cara me perguntando o que eu achava de trabalhar cerca de 10h por dia. Como eles estavam iniciando, seria bom ter desenvolvedores muito centrados. Eu não menti e disse que trabalhar todo esse tempo não seria bom não. De qualquer maneira ele me enviou o teste técnico que eu fracassei fortemente. Era alguma coisa de recursividade, eu tinha 15min para fazer e lembro de não ter conseguido nem ter uma ideia de como fazer aquilo.

MetaLab

E por fim, a última entrevista que eu fiz foi na MetaLab após eu ter visto uma oferta no Reddit. Yep, isso mesmo, eu consegui uma entrevista pelo Reddit.

A entrevista foi muito maneira, me lembro bastante daquela que tive com a Carrot. Foi feita em dupla, e enquanto a Elexa do RH me perguntava coisas sobre a vida, outros empregos, hobbies e etc, o Derek que é o dev Android lá me perguntava sobre código, sobre bibliotecas, sobre motivos de eu estava fazendo algo de maneira X e não Y. Sim, pela primeira vez umas das empresas que eu tinha me candidatado olhou meu Github. Nesse momento eu soube que finalmente tinha sido pago meu esforço de manter os projetos abertos e atualizados. Lembro que no final da entrevista eu ainda falei sobre fazer Yoga e ter andado de skate e os dois falaram que faziam isso, então eu com certeza tinha ganho pontos com eles.

Demorou 2 semanas para eu receber uma resposta deles, e eu finalmente tinha consegui o SIM que eu tanto esperava. Apesar de ser um sim com algumas condições - que ficam para o próximo post.

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Created: 2015-08-04